De Quem são os olhos através dos quais estás agora a ver?

Imaginas como acontece que esta pergunta, através de Cujos olhos observas, pode entrar na equação?

Acordaste uma manhã e tornaste-te consciente de que, os olhos através dos quais estavas a ver, não eram teus. Vias fora deles, ainda não eram teus.

Bem, costumavas estar sempre a questionar, tentando descobrir, tentando chegar a algum lugar. Era como se tivesses andado a caminhar em direção ao Céu, e agora passou. Isto é possível? Agora, que estás aqui, de alguma forma deixou a ti mesmo, como te conheceste anteriormente, para trás. O ‘tu’, que sempre pensaste que eras, voou da gaiola.

Agora, que subiste para Mim, Quem podes ser a não ser o Meu Eu Todo - Poderoso? É este o significado da Unidade – já não te podes encontrar em qualquer lugar? Parece que estás perdido. A princípio, podes bem experienciar que perdeste algo precioso, pois para onde foram as tuas idiossincrasias?

Podes lamentar que teu pequeno ego desapareceu. Como a infância, como a terra dos brinquedos, “Uma vez que passas as suas fronteiras, elas não podem ser encontradas novamente.” 

O que restar de ti pergunta: “Quem é este Meu Eu, que eu sinto desapaixonado e objetivo e imparcial agora?”

Podes sentir que te tenhas transformado num Estranho. É como se tu te tivesses comercializado e obtido um distanciamento, em vez de uma ribombante felicidade. Sentes um estado de não existência. Na Unidade, onde pode estar a aparência, se ela realmente existe? 

A princípio, podes sentir o teu novo Estado de Consciência como ausente. Onde está o ganso dourado?

Antecipaste-te? Esperavas alguma coisa. Infelizmente, agora pode parecer como se o teu coração foi rapidamente levado, e não foi substituído.

Não me digas, meu Querido, que sentes saudades dos danos da emoção e de toda a perturbação que vem com isso? Agora és estável, acabaram-se os problemas.

Esperavas poderes sentir Amor descomedido. Agora perguntas – até mesmo o Amor se ocluíu e se tornou imparcial e distante? Será que a Auto-Realização já não parece mais um ardor?
   
Quando já não experiencias mais opostos, não sentes a proximidade que esperavas, mas talvez podes sentir mais distanciamento, e o teu Eu aparentemente à deriva, em vez de existir profundamente. Já não estás atolado. Em vez de sentires profundamente, agora sentes-te fora do caminho.

Bem, podes dizer a ti mesmo: “Sem dúvida, eu não esperava uma emoção selvagem, esperava?”

Bem, esperavas sim.

Quando estás num pico, estás simplesmente num pico. Fizeste grandes avanços, e agora já não avanças. Já não escalas uma montanha. Agora, estás verdadeiramente acima do mundo.

Estás em Casa. Há muito tempo, estavas sem abrigo, e tinhas muito sobre o que escrever para Casa. Agora, o bolo está fora do forno.

O mundo já não é mais o teu mundo pessoal. Antecipaste o êxtase. Uniformidade não é excitação – é equanimidade. Quietude não é o mesmo que andar num carrocel.
  
Agora, que estás para além do mundo, o que é deixado a ti para desejar? Este é o significado deste sem desejos do qual ouviste falar. Não é que tivestes de colocar de lado os teus desejos pessoais. Não tiveste de fazer nada. Aconteceu sem uma decisão. Veio com o território. Tens uma maior visão agora. 

Agora já não existes mais para ti mesmo. Não há mais duas realidades, uma do mundo e a outra de Deus. Quando estás Aqui, estás Aqui. Não estás mais em busca de ti mesmo, porque agora já foste encontrado. Agora, estás a encontrar-te Contigo Mesmo de passagem.